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2011-03-26

That was when I ruled the world

Acho que eu não tenho escrito muito ultimamente porque meus pensamentos andam meio desconexos. Eu sei que o quero dizer, começo a escrever, e aí no meio do caminho lembro de outra coisa, e assim vai. Obviamente não chego a lugar nenhum. Mas tudo bem. Acontece.

Hoje tive vontade de assistir O Fabuloso Destino de Amélie Poulain de novo. Pela, sei lá, milésima vez. Porque ele é o tipo de coisa que me deixa mais leve, e isso seria muito, erm, conveniente agora. Eu planejo tanto as coisas, que às vezes tenho vontade de soltar as rédeas e deixá-las simplesmente acontecerem. Quando é pra algo dar errado, dá errado tendo sido planejado ou não. Acontece. E o mesmo vale pro que dá certo, suponho. Estou ficando toda desconexa de novo.

Deixa pra lá.

2011-03-19

Can somebody see

...what this world has done to me?

Há algum tempo eu fiz um acordo comigo mesma: não te apaixonarás. Meio idiota, eu sei. Completamente idiota, eu sei. O fato é que eu continuei acreditando em todo tipo de amor, exceto o romântico, o dos ~relacionamentos amorosos~. É uma forma de defesa, claro. Não muito eficiente, mas eu tentei. 

Eu tinha me esquecido de como é divertido ficar interessada em alguém específico, e de que a palavra é exatamente essa: divertido. E então eu percebi que nunca me apaixonei de verdade por ninguém, e mesmo sendo jovem e all that jazz, isso me deixou meio... sei lá. Me fez parar pra pensar. Sempre foi tudo curiosidade, ver no que ia dar, atrações e nada mais. 

Mas essa semana teve uma intervenção (é assim que chama?) no IFCE e alguns casais começaram a dançar no meio do pátio, pra divulgar o grupo de dança de lá e etc. Eu nem ouvi direito as explicações. Aquilo me deixou meio hipnotizada. Fiz Dança por um ano e meio, e era uma das coisas que eu mais gostava de fazer lá.  E então eu fiquei olhando aqueles casais dançando, alguns dos caras com quem eu já tinha dançado também, e me deu a maior saudade do mundo. E era bonito e animado, mas chegou uma hora em que aquilo simplesmente doeu. Cinco segundos em que eu me senti como se tivesse perdido alguma coisa muito importante que não tenho mais como recuperar, cinco segundos em meus olhos ameaçaram encher de lágrimas por uma coisa que eu nem sabia que sentia tanta falta assim. E talvez eu nem sinta, e aquela tristeza toda tenha sido por ter feito parte daquilo e não fazer mais. Talvez nem tenha sido tristeza, mas um acesso súbito de nostalgia.

E o que diabos isso tem a ver com o que eu estava falando antes? Tem muito a ver. Porque são esses momentos que me fazem ver que, como o Will, meu coração não secou, só endureceu um pouco. 

Não é que eu tenha pressa em me apaixonar, ou que ache que isso seja uma obrigação da vida ou algo do tipo. Tem tempo, eu sei. E, de qualquer forma, eu fujo desse amor romântico como fugiria de uma sala de tortura. Não sei exatamente quando isso começou, mas não é de agora. Contraditório, né? Só achei meio curioso nunca ter realmente acontecido pra que eu possa pelo menos fugir com coerência (oiq). Pra falar a verdade, talvez até exista um pouco de coerência, sim; fujo do amor dos outros porque sei que de mim não vai sair nada. Pelo menos nunca saiu. Pelo menos nunca senti de fato. Talvez eu saiba quando acontecer, se acontecer. Talvez não.

2011-03-06

We laugh and sing and dance together

(um dia resolvi escrever sobre o amor no ponto de vista de cada personagem que eu tinha. no final só consegui fazer o do Will.)

*

Eu já não sei bem o que pensar sobre o amor a essa altura da vida. Quando a gente olha pra trás, é até fácil achar uns exemplos de momentos em que estivemos apaixonados, mas a gente nunca percebe essas coisas em tempo real. E geralmente quando percebe é porque já não é bem assim. Eu também já não sou mais um tipo romântico; se bem que acho que, na medida do possível, eu nunca fui realmente um. Mas, se é pra fazer uma avaliação do passado, então está bem: eu amei. E amei como dizem que os adolescentes amam, com toda aquela entrega total e liberdade que fica impossível de reproduzir depois de um certo tempo. Mas não sei dizer se amo agora, no tempo presente. É difícil dizer quando já não se sabe mais como ou o quê sentir. Não é que meu coração tenha secado, mas ele certamente endureceu um pouco. Isso acontece com todo mundo, mais cedo ou mais tarde, não é? Mas, então, voltando ao que eu estava falando, eu já não sei mais como amar hoje em dia. Não é como se eu pudesse - ou conseguisse - de repente acordar com o coração de um garoto de dezesseis anos. Não qualquer garoto, mas o que eu fui. Mas eu ainda percebo o amor nos outros; percebo os olhares, os gestos, os toques, e fico pensando se não foi sempre assim, e eu é que enxergava de um jeito diferente. Talvez, embora eu não perceba o meu próprio amor, ele o sinta como eu sinto o dele.

2011-03-04

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada

#28 — Someone that changed your life

Em algum momento do começo da nossa amizade, decidimos fazer do Carnaval um marco. Eu, que não gosto nem um pouco dessas coisas pululantes e dançantes e cheias de pessoas jogando goma umas nas outras, e você que tinha justamente saído pro bom e velho "curtir o Carnaval". Eram, obviamente, outros tempos e outra vida. Mas o fato é que essa "carta" não é a primeira que eu faço pra ti, e essa também não é a primeira vez que eu falo sobre como começamos a nos falar no Carnaval de 2007, logo quando você voltou daquela cidade onde você estava e eu não lembro o nome, na primeira e única vez que te vi usando preto. De certa forma, convenhamos, há uma certa poesia em comemorar aniversários no Carnaval, porque, afinal de contas, há sim uma certa poesia no Carnaval. Pierrot e Colombina, quem sabe Los Hermanos, quem sabe Caio F., quem sabe Guaramiranga e o Festival de Jazz & Blues. O fato, aliás, não é nem isso. É só que eu gosto de lembrar. Havia uma certa poesia em 2007. Um tom novo oscilando entre preto e branco e RGB. Eu sei lá. Me perguntaram o que eu faria se pudesse voltar cinco anos no tempo, eu pensei em responder que gostaria de ter sido menos idiota. Mas isso eu penso todos os anos. E eu tô divagando e não cheguei ao ponto principal da coisa toda.

Alguém que mudou a sua vida. Tu foi essa pessoa, definitivamente. Ou pelo menos uma das primeiras. Qualquer coisa que eu possa falar aqui provavelmente já foi dito entre esses cinco Carnavais, mas agora, especificamente agora, eu quero agradecer mais uma vez.

Acho que acabei de passar mais uma vida inteira do teu lado agora. Não sei quantas vidas eu tive só por tua causa. Obrigada por elas. Muito, mesmo.