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2012-03-07

Dance like no one’s watching

…because they’re probably not


Eu não tenho nenhuma vontade específica de morar fora do país, nada do tipo que me faça desejar ardentemente, planejar e realizar. Mas, se tivesse oportunidade e dependendo dos motivos, provavelmente iria. 

Tô dizendo isso porque, de vez em quando, me dá uma vontade enorme de ir pra algum lugar completamente diferente. Uso o exemplo de outro país porque é o mais longe que posso alcançar, mas se tivesse opções de planetas provavelmente eu estaria citando também. Um dia, talvez, se eu vier a cagar dinheiro, vou poder fazer isso.

O isso a que eu me refiro é, como eu disse, ir para algum lugar completamente diferente; mas não pra morar de vez, nem pela vontade de conhecer o lugar; é só pelo simples prazer do reset. De poder estar num lugar onde ninguém, absolutamente ninguém me conhece num raio de muitos e muitos quilômetros. Nenhum rosto conhecido na rua. Nenhum lugar onde eu já tenha estado. Nenhuma pessoa que não precise me perguntar o meu nome ao falar comigo. Um lugar onde eu ainda não tenha uma vida.

Eu estava pensando nisso outro dia; quando ninguém te conhece, de certa forma você também não se conhece. É uma fuga, é claro, não estamos falando de coisas nobres aqui. Então, a minha fuga só precisaria disso: passar algum tempo em algum lugar qualquer em que o único pré-requisito seja que lá ninguém me conheça. E então eu não precisaria ser ninguém, porque eu poderia ser qualquer um. 

Falando assim parece até que, sei lá, eu sou a Angelina Jolie (mas quê) e preciso de um tempo longe dos holofotes. Mas o sentido todo é só esse mesmo: os lugares onde a gente fica guardam tanta coisa, que você pensa que o passado todo está neles. Não está, é claro; recorrendo a um clichê básico, o meu passado está comigo e não vai ser só indo de um lugar pro outro que ele vai ser simplesmente apagado. Mas eu acho que, de qualquer forma, vale a tentativa, nem que seja pelo ar fresco. 

*

Esses dias eu tenho estado muito sozinha, no sentido "sem ninguém ao redor" mesmo. É uma coisa engraçada, porque eu gosto e desgosto de ficar assim. Pelo menos uma vez por semana sempre vem alguém na minha humilde salinha me dizer que, poxa, deve ser meio chato né, ficar trabalhando lá, sozinha, sem ninguém pra conversar. Que deve dar sono. Olha, sono dá mesmo, mas. Eu gosto de passar a manhã sozinha lá. Fazer minhas coisinhas, ler um pouco, esperar o tempo passar. Gosto de andar, se possível na sombra, e ir ouvindo minhas músicas no ônibus, que também sou filha da entidade de minha preferência. 

Enfim, de modo geral eu não me incomodo de estar sozinha em algum lugar. Esses dias todos em que adotei o Plano de Emergência de Fim de Semestre - que consiste em não faltar mais aulas, um esforço quase hercúleo, diga-se de passagem q - eu praticamente não abri a boca. Não é de todo ruim; até porque não é como se não existisse mais ninguém no mundo com quem eu fale, é só que nossos horários são uma bagunça. 

Então, nos momentos em que eu tô sozinha, simplesmente me deixo estar. 

Um comentário:

Bianca Caroline Schweitzer disse...

Nunca teria certeza sobre isso, mas acho que te entendo e sinto o mesmo. A ideia de mudar completamente, mudando só o lugar onde mora, é muito sedutora. Mesmo que em essência você continue a mesma pessoa, a ideia de que você PODE ser qualquer outra pessoa é ótima. Ela sim é ótima. Por quê? Porque ninguém te conhece e logo ninguém te questionaria se você reescrevesse sua história. Mas isso só na minha imaginação e desejo, inúmeros fatores implicam para a não realização disso. Bleh.

Buenas noches!