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2010-12-13

A paixão segundo G.H.

Granermano Cortez tinha dezessete anos e a certeza de que seu nome era uma piada de mau gosto. Era até complicado colocá-lo junto da palavra "grande" em uma mesma frase. Ele já havia se perguntado por que diabos resolveram lhe chamar assim, mas sua mãe apenas dizia que ele não deveria ser ingrato e achar ruim um nome que inspirava amor. Granermano, no entanto, achava que a única explicação plausível seria a de que os seus pais perderam uma aposta na faculdade ou algo assim, e então arranjaram a desculpa do amor.

Na verdade, até onde sabia, seu nome nunca tinha inspirado amor em ninguém. Se chamar Granermano nunca havia feito com que alguém automaticamente pensasse que ele deveria ser um grande cara legal ou algo assim. Já haviam lhe dado todo tipo de apelidos possíveis, dentre os quais os mais aceitáveis eram Gran, Hermano, Pequeño e ainda Big Brother para os mais engraçadinhos. Os amigos costumavam chamá-lo de Gran Hermano, devidamente - e enfaticamente - separado, mas depois essa variação acabou diminuindo para G.H. e assim ficou. Granermano até gostaria de se chamar Gêagá, se a grafia não fosse ainda mais absurda que a do seu nome original. 

Granermano Cortez, no entanto, estava agora ocupado demais para pensar nas variações do seu nome. Sempre passava alguns momentos do dia ocupado olhando - ou procurando olhar - para Soledad. Ela, tão pequena que o mundo poderia perdê-la em suas voltas, era quem morava nos sonhos de G.H. Ela, em quem os traços finos contradiziam os cabelos mais curtos ainda que os dele e as camisas de flanela, em quem o nome era uma sentença inversamente proporcional à dele. Ela, que o desconcertava com uma languidez masculina que ele não saberia dizer se era, na verdade, uma masculinidade lânguida, ou se nenhuma das expressões fazia sentido.

(continua e tal)

2 comentários:

Filipa Santos Lopes disse...

Ok, apaixonei-me.

morgana feijão disse...

Ninguém me ama, ninguém me quer, por isso eu vou comer barata! Barata frita, barata assada, sopa de barata! Tira a cabecinha, chupa a melequinha (sluuurp) e joga o resto fora!... Não, não, aproveita pra paçoca!


... desculpa. Eu não resisti.