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2010-09-19

Tylenol feelings

Hoje eu fui olhar os blogs que eu leio (vejo as atualizações pelos links daqui mesmo) e tomei um susto quando vi que meu último post tinha sido no dia nove, há mais de uma semana. 

Na verdade, acho que faz mais ou menos um mês - mais pra mais do que pra menos - que estou quase que completamente destruída. E isso se reflete na quantidade/qualidade do que eu escrevo. Todo dia, sem exceção, estou mortalmente cansada, com dor nas costas, com sono de dia, sem sono de noite, às vezes com sono de dia e de noite, às vezes acordando de madrugada no meio de um sonho particularmente bizarro. Todos os dias, sem exceção, meus olhos ardem e eu fico pensando se é o lápis de olho ou o óculos e nunca descubro se é, de fato, por causa de um dos dois. Sempre fui incrivelmente esquecida, mas acho que isso está ficando preocupante. Eu esquecia coisas simples, o nome de um livro, o nome de uma pessoa, agora esqueço trabalhos e obrigações. Fico olhando pro teclado por trinta segundos antes de lembrar o que ia digitar. Leio três vezes o mesmo parágrafo. Esqueço o que me disseram há dois minutos. E, puta merda, como meus ombros estão doendo hoje. Daí fica fácil concluir porque não tenho escrito, e isso me deixa triste. Mas, no momento, não tenho forças nem pra ter a vontade de escrever. 

Daí você se pergunta, putz, isso é um blog ou uma ficha de ambulatório? E eu respondo que não sei, mas no momento a segunda opção até que não seria tão má assim.

2010-09-10

Sometimes I feel exactly like that


...e nem precisa ser por algum motivo/acontecimento especial. tem dias que simplesmente começam e terminam sem que você consiga fazer outra coisa na vida além de falar merda. dias como hoje, em que eu penso que não falei nada de útil e que todo mundo vai cansar de mim porque eu sou um saco. às vezes eu avalio a qualidade das minhas relações pela quantidade de vezes em que consigo fazer uma pessoa rir sem estar necessariamente pretendendo isso. hoje não foi um dia muito risível. também não foi um dia ruim. engraçado é que eu costumava contar o tempo por semanas, mas ultimamente tenho feito isso por dias, como as pessoas normais provavelmente fazem. há mais ou menos um mês, se você me perguntasse pelo que eu fiz dia anterior, eu não saberia responder, mas certamente me lembraria do que fiz na semana anterior. terças e quintas não existiam individualmente. a segunda é colada na terça como "o começo da semana", a quarta é o "meio da semana", e a quinta e a sexta são, obviamente, o "final da semana". sábado é um dia feliz, porque não é o final da semana nem domingo. domingo é um dia triste, porque não é um sábado e logo se tornará o começo da semana. atualmente eu sei que hoje é sexta, que ontem foi quinta, e por acaso posso até lembrar do que fiz em cada dia da semana. bizarro. é como viver em doses homeopáticas. até que não é ruim. ruim é falar merda quando poderia não estar falando. hoje não vi nenhum estranho legal no ônibus. o cara que tava sentado ao meu lado cheirava a àgua oxigenada. hoje o trocador não me deu bom dia, nem boa tarde, nem boa noite. hoje eu tive que exercitar a arte de carregar um livro de 1197 páginas (java: como programar) em um ônibus lotado durante uma curva enquanto me segurava com apenas uma mão. anotação mental: nunca mais reclamar que não tenho coordenação motora o suficiente. o suficiente pra quê? sei lá. hoje eu estava ouvindo as pessoas falarem comigo enquanto pensava em outras coisas. não era porque eu queria, minha atenção simplesmente se desviava sem mais nem por quê. hoje eu chorei litros e litros e litros assistindo mary and max. hoje eu não usei letras maiúsculas. hoje eu escrevi demais, e só queria postar a imagem. isso é que dá colocar um teclado na minha frente.

não que eu esteja reclamando.


2010-09-08

Pra você ver como as coisas são

#17 — Someone from your childhood

Cara Prima da Gabi,

pra tu ter noção da gravidade da coisa, eu comecei a escrever essa carta no dia vinte de julho e só voltei a ela agora. Nesse dia, há mais de um mês, eu tinha escrito que às vezes ficava com muita raiva de ti. Hoje, tão pouco tempo depois, eu não sei mais se é bem assim. Do mesmo jeito que tenho acessos repentinos de amor, tenho de raiva, e eles vão embora tão rápido quanto chegam. 

Mas enfim.

Eu sou uma das mais garotas mais velhas "dessa geração" aqui na rua, então eu brincava com os mais novos mesmo. Tu é uns três anos mais nova do que eu, e a gente andava de bicicleta e brincava de boneca até mais ou menos os meus dez ou onze anos. Eu gostava muito de brincar contigo, a gente ficava na rua até taaaaarde - quando tarde eram sete horas da noite - e o meu pai ficava no portão pra ver se a gente não ia cair da bicicleta e se estatelar no chão, como realmente fizemos algumas vezes.

Na verdade, na mais pura verdade, acho que tu não tinha nada que me fizesse pensar "essa menina é minha amiga e eu gosto muito dela". Tu era uma das poucas crianças com quem eu podia brincar na rua, então era isso. Só isso. Nunca nutri nenhum sentimento maior, e quando eu enjoei das bonecas e das outras brincadeiras, simplesmente nos afastamos.

Então, basicamente, eu nunca esperei que tivéssemos algum laço de amizade mais profunda ou coisa do tipo, porque nunca procuramos por isso. Sendo bem direta e seca, nos unimos apenas por uma conveniência, porque nós éramos úteis uma pra outra. Foi só isso. 

Estranho, não é? É o tipo de crueldade que só as crianças têm, essa que não sei explicar direito. Não que eu tenha sido exatamente cruel contigo, mas acho cruel esse sentimento de conveniência e nada mais. Sei lá.

Hoje em dia, no entanto, eu tenho uns sentimentos complicados por ti. Ainda não te considero exatamente como uma amiga, no máximo como uma conhecida, mas sei lá... Eu te vejo como uma pessoa tão vazia, entende? Sei que isso pode ser exagerado e injusto, mas é assim que eu te vejo. E eu fico pensando se tu vai mudar um dia, mas na maior parte das vezes eu concluo que não.

E, sabe, eu não digo isso porque tu gosta de coisas extremamente duvidosas, mas sim porque as coisas que as pessoas te dizem parecem simplesmente passar direto por ti, sem deixar nenhuma coisa boa pra contar história. Quando teu irmão vinha aqui em casa, apesar de ser um pequeno destruidor dos ouvidos alheios e viver brigando contigo, ele ficava bem quietinho e prestava atenção quando eu explicava o dever de Química, assim como a Gabi. Quando tu vinha, ou quando eu ia na casa de vocês, tu achava que "aula de reforço" significava "pessoa que vem fazer o meu dever enquanto eu olho o orkut." Das milhões de vezes em que eu te disse pra não clicar em toda e qualquer propaganda idiota que saltar na tua frente na internet, quantas tu ouviu? Nenhuma, eu sempre tinha que voltar porque o computador tava todo fodido de vírus. 

Tu ficava sentada do meu lado, lamentando a minha vida. Como deve ser triste uma vida em que a pessoa tem que estudar. Como deve ser triste uma vida em que uma pessoa consegue ler mais de uma frase em inglês. Como deve ser triste uma vida em que uma pessoa se diverte lendo. Como deve ser triste uma vida de uma pessoa que não tem orkut (porque eu nunca caí na besteira de te dizer que tenho um). Como deve ser triste uma vida em que a coisa mais importante do mundo não é que a fulana cortou o cabelo igual ao teu. 

Tu ficou seriamente impressionada quando descobriu que eu tinha namorado, há séculos, porque por um acaso ele me ligou quando eu tava ajeitando o teu computador. Tu fez aquela cara de quem acha que é mentira, porque uma pessoa desse tipo certamente não teria um namorado.

Existem muitas pessoas iguais a ti nesses aspectos, mas não sei o que é, exatamente, que me faz pensar que tu não tem jeito. É uma pena.

2010-09-06

I find it kind of funny, I find it kind of sad - II

Tem gente que não entende muito o valor da amizade para pessoas como eu, que precisam das pessoas, dos amigos, e tem gente que só entende até certo ponto. Tem gente que precisa de apenas um grande amigo, outros precisam de vários, outros não precisam de nenhum. Ou pensam que não precisam. Mas enfim.

Eu tava lendo o post do Romell, que adora quebrar minhas pernas de vez em quando, e pensando nessas pequenas coisas, nesses pequenos momentos tão simples como o modo como a gente apaga uma frase ou uma mensagem comum no celular que você já apagou há anos. Essas coisas que a gente não lembra até que tenha alguma referência a ela, um cheiro, um som, um texto de outra pessoa que lembra. Essas coisinhas que parecem tão simples, mas que sempre estiveram ali, esperando que você lembrasse e sorrisse.

São momentos como esses, dias como esses, em que eu vejo como as coisas valem a pena. Como boa drama queen extremista que eu sou, passei uns dias pensando em oh deus como a vida é terrível não acredito mais no amor. Bullshit. O amor está em toda parte, e não necessariamente apenas em namoros, casamentos e coisas do tipo. Eu posso não estar mais acreditando em relacionamentos amorosos, mas aí já é outra coisa.

Nesse amor eu acredito. Esse que é o único que eu conheço que não tem como condição de existência o receber algo em troca. Esse que recebe algo em troca porque merece, e não por ameaças ou exigências. Esse que se concretiza com olhares, gestos, conversas aleatórias e lembranças compartilhadas, e não com frases feitas. Esse que faz você vê-lo em todos os lugares, que faz você se apaixonar loucamente por um momento. É nisso que eu acredito, aplicado a qualquer tipo de relação, não apenas à amizade, porque é o único que me parece realmente verdadeiro.

2010-09-03

I find it kind of funny, I find it kind of sad


Meu dia hoje (ou, melhor dizendo, ontem; já é 1h da manhã) foi meio estranho. Não estranho-ruim, foi um estranho-estranho mesmo. Nada aconteceu do jeito que eu achava que ia acontecer, em nenhum detalhe. Eu, por exemplo, estou morrendo de sono agora. Meus olhos estão fechando, e ainda é uma hora da manhã. Eu saio do computador relativamente cedo, mas demoro muito pra dormir depois disso. Nos meus piores dias de insônia, que foram nas férias de julho, eu só dormia quando já estava amanhecendo. Então, sim, é uma vitória estar com sono tão "cedo" como agora.


Crazy, I'm crazy for feeling so lonely
I'm crazy, crazy for feeling so blue
I knew you'd love me as long as you wanted
And then some day you'd leave me for somebody new





De manhã eu estava re-assistindo C.R.A.Z.Y. e pensando em como o mundo seria um lugar pior se esse filme nunca tivesse sido feito. Estava sorrindo pela nostalgia de me sentir exatamente no lugar do Zac. 

Acho - ou melhor, tenho certeza - de que esse foi um dos meus melhores "dias musicais". No ônibus, ouvindo de Patsy Cline a David Bowie (!), eu devia estar realmente parecendo muito retardada. Não vejo muita gente parecendo feliz dentro de um ônibus, especialmente se não estivesse sentada perto de um conhecido ou conversando e etc., mas eu estava absurdamente feliz por... estar sentada dentro de um ônibus ouvindo Space Oddity e possivelmente cantarolando alto demais o Can you hear me, Major Tom?


Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you...
Here am I floating round my tin can
Far above the moon
Planet Earth is blue, and there's nothing I can do...





Conversei com quem achava que não ia conversar, não vi quem achava que ia ver, disse o que pensava que nunca ia dizer, fiz até um programa direitinho, e olha que aula de quatro horas seguidas não é a minha praia.

Daí que eu chego em casa, entro no msn só pela força do hábito, não falo com ninguém, assisto meu filminho, não sinto aquela necessidade diária de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo no computador. Daí que eu continuo ouvindo música, dessa vez umas dos anos oitenta, e continuo tão feliz por simplesmente estar fazendo isso.

Acho que não consegui passar exatamente o que eu queria, mas sei lá, precisava escrever. Talvez tenha a ver com o fato de que eu vou cair dormindo no teclado daqui a pouco.


And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles it's a very very
Mad world
Mad world

2010-09-01

This


(cenas do filme Get Real, do qual eu falei aqui, e mais cenas aqui e aqui. sim, eu tenho um tumblr, mas não atualizo o coitado com freqüência.)