Pseudo IV
*
Tenho essas idéias-com-acento flutuando na minha cabeça. Eu ouço a música e vejo as pessoas dançando. Vejo o amarelo vestindo aquele metro e sessenta de moça, os pezinhos metidos nos sapatos claros, o olhar tímido para as mulheres de vermelho que fumavam e riam, o olhar tímido para o rapaz de farda - ela ainda não pensava que os rapazes de farda acabavam morrendo um dia. Ela ainda não pensava que todos acabavam morrendo um dia - mas, sim, especialmente os de farda. A bandeira tremulando, um punhado de risadas. Vejo-a sentada na mesa com as mãos castamente postas sobre o colo, e então vejo o rapaz cansado da guerra da qual nunca participou - que não era aquela onde as bombas explodiam, que não era aquela que precisava de fardas e bandeiras. Vejo-os, talvez, não-segurando bebês no colo, não-dizendo que se amam, não-vivendo tantas outras coisas e, mesmo assim, sonhando e sonhando e sonhando e não chegando a lugar nenhum.
Talvez tenham sido mesmo os olhos dela, afinal.
(quem precisa de coerência. heh.)
4 comentários:
muito bonito, mesmo assim. daquelas belezas que você não consegue identificar, sabe? basta.
sempre muito bonito, meio sem coerencia claro, mas tão lindo e dando uma ideia fascinante
lindo
♥
tá pra imaginar tanta coisa.
Uma beleza que a gente não quer pra gente, mas, muito lindo.
Postar um comentário