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2010-05-28

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Às vezes eu deixo de postar aqui – ou em qualquer outro blog – porque tenho tanta coisa pra dizer que nem sei por onde começar. E, pensando bem, isso acontece o tempo todo: se eu tenho muita coisa pra fazer, acabo não fazendo nada porque não sei por onde começar.

Que droga.

Mas, enfim... Esses dias eu estava pensando em falar sobre como eu simpatizo fácil com as pessoas no ônibus. Sobre como os amigos que estão longe mudaram, ou se fui eu que mudei. Sobre a relação entre o episódio vinte de Glee, um post da Katherine, e uma puta depressão no meio da madrugada. Sobre como o dia de ontem foi nostálgico. E aí não escrevi nada. Mas agora acho que vou ligar o foda-se e escrever sobre tudo.

Então. Eu simpatizo fácil com as pessoas no ônibus. Não converso com ninguém, a não ser  que - caso raro - puxem conversa comigo. Mas é quase como se eu conhecesse as pessoas que pegam o mesmo ônibus no mesmo horário que eu – como os irmãos -, e morro de amores por trocadores que dizem “bom dia” e “obrigado” e por motoristas que fazem as curvas devagar e param mais à frente da parada só pra gente descer mais perto da entrada do CEFET.

Eu gosto de ficar reparando nas coisas e pessoas quando to no ônibus. Descer na parada certa é um movimento tão automático que posso deixar o pensamento vagar pra tudo quando é coisa e nem pensar no caminho. Fico reparando que todo mundo tem um lugarzinho preferido pra se espremer, um jeito de esticar as pernas, um jeito de colocar a bolsa no colo. Que as mulheres tendem a procurar lugares vagos ao lado de outras mulheres. Que existem pessoas capazes de se segurar com uma mão enquanto carregam livros na outra – eu não consigo essa proeza.

Ficar reparando nessas coisas tão pequenas me deixa... sei lá, feliz. E ainda no ônibus, ontem, eu senti o perfume doce que minha amiga usava.

Já no CEFET, eu comecei a escrever uma carta para ela, que mora nos Estados Unidos (Rebeca, te amo, beijos!). Daí eu me lembrei de todas as cartas de amigos que eu tenho guardadas aqui, e fiquei pensando em como metade deles havia mudado de uma forma que me faz não reconhecê-los mais. Às vezes eu penso que exijo demais das pessoas. Às vezes eu penso que exijo demais de mim mesma. Já me disseram umas duas vezes que eu sou irritantemente fiel demais a mim mesma e ao que eu penso. Existe exagero de fidelidade? Isso é egoísmo?

Bah.

E então, ainda na tarde de ontem, eu me senti meio que de volta ao passado. Não um passado distante, mas o passado de cerca de pouco mais de um ano atrás. Eu olhei pras pessoas da minha sala e de repente gostei tanto delas. Mesmo que a gente tenha meio que se matado algumas vezes. Foi como se o mundo tivesse parado de girar por um segundo e dado uma volta pra trás. Sei lá.

E então, finalmente, depois de ter conseguido relacionar todas essas coisas em uma história coerente (ou quase isso) e em um único post – me sinto vitoriosa, hahaha - chegamos à noite de ontem.

Fui assistir Glee. Não vou ficar dando spoiler, mas quem viu ou quem ainda verá o episódio vinte saberá do que estou falando. De modo geral, posso dizer que eu desabo muito fácil quando um filme/episódio/livro me atinge pessoalmente. E nesses últimos dias eu formei um combo de coisas choráveis assistindo Doctor Who e Lost, e lendo Brumas de Avalon e Eu sou o mensageiro.

Eu fiquei pensando nesse post da Kath, e em como as pessoas podem ser cruéis simplesmente... por ser. E eu me senti tão pequena e assustada de repente. Como se, de repente, todos os xingamentos e todos os ódios por todos os tipos de coisas estivessem voltados pra mim. Como se eu estivesse no meio de um beco escuro cheio de pessoas com armas apontadas pra mim, sem nem saber o que eu fiz de errado, e de repente me desse conta de que não tinha feito nada de errado, e mesmo assim atirassem. É como se você perguntasse pra alguém “Por que você me odeia?” e a pessoa respondesse “Porque você é humana.”

E eu não entendo. O que me deixou angustiada é que não consigo entender. E foi isso que me deixou chorando litros na noite/madrugada de ontem.

(ainda sobre Glee: Pam ♥)

3 comentários:

.laurel. disse...

Observar pessoas no ônibus é a melhor coisa do mundo.

E sobre não entender...não se sinta só. Eu também não entendo. ♥

Júlia disse...

eu não observo pessoas e nunca tive paciência pra isso, mas admiro muito quem consegue e admiro seu post gigante e fico feliz que vc finalmente voltou pros blogs amor []
beeeijo

Maria Luísa disse...

Eu podia quotar todas as partes em que eu me identifiquei com você, mas eu ia acabar quotando praticamente o post todo. Tu não tá sozinha ♥