“Solta o Harry Potter e vai estudar pra segunda fase.”
Foi o que o meu irmão me disse em um determinado mês de julho. O ano era 2007, e em outubro eu saí da escola onde estava fazendo o primeiro ano e comecei o integrado em Informática – pra quem não sabe, é aquele curso em que você faz o médio e o técnico ao mesmo tempo.
Desde esse julho, passaram-se exatos quatro anos. Três anos e nove meses se eu contar a partir do dia em que entrei no CEFET – na época, aliás, ele ainda se chamava assim e, assim como meu irmão ainda chama de ETFCE, eu ainda chamo do nome que tinha quando entrei lá: CEFET.
(no primeiro dia de aula, na palestra, o diretor disse que quem entra no CEFET nunca mais sai. ele não estava mentindo, sabe.)
Acho que eu poderia falar sobre a diferença entre o CEFET e as escolas onde eu tinha estudado antes, sobre a diferença entre o médio normal e o integrado, sobre como eu estranhei e me fascinei por aquilo tudo nos primeiros meses. Mas não sei. Eu já falei isso tantas e tantas vezes nos últimos anos e não é que tenha exatamente cansado, mas só parece que não precisa mais.
Existe um jeito muito simples de dizer o que eu preciso, tão simples que talvez não dê pra expressar o que ele tem de complexo, mas o fato é que aquele lugar virou a minha casa, em muitos e muitos sentidos. Talvez eu até conseguisse explicar tudo o que passei lá dentro, mas pra isso seriam necessárias muitas páginas e não é bem essa a minha intenção.
Tenho uma pequena alergia a mudanças e uma preocupação meio tensa de deixar as “fases da vida” muito bem definidas em começo e fim, senão me perco. Sério, mas abstraiam essa parte. O fato é que é por isso que estou escrevendo agora, por exemplo. E foi por isso que escrevi naquela época, quando começou. Talvez eu esteja tentando deixar registrado pra mim mesma que, sim, aconteceu.
Então, sim, aconteceu. E eu queria escrever um monte de coisas sobre isso, sobre o que foi bom e sobre o que foi ruim, queria escrever algo bonito, algo que me doesse, mas que fosse bonito, porque é assim mesmo que a gente escreve. Mas, sinceramente, eu não sei.
Eu sei que minha vida começou, de fato, no CEFET. Sei que não vou conseguir chamar de IFCE ainda sem achar que tem alguma coisa muito errada com essa sigla. Sei que passei esses quase quatro anos andando por todo buraco daquele instituto e ainda assim consigo me surpreender com algum cantinho novo hoje em dia. Que conheci – conhecemos – quase todos os bancos de lá e começamos a entender tantas coisas em cada um deles. Que mesmo tendo começado a engenharia e garantido mais uns cinco anos, no mínimo, lá dentro, eu vou sentir falta. Das pessoas, sim, mas tem alguma coisa a mais e eu nunca vou saber exatamente o que é. Deve ser o que fica pra trás quando algo se fecha e a gente vai pra frente.
Um comentário:
Em qualquer lugar do Brasil, o CEFET causa as mesmas reações. Tenho uma amiga que estudou no daqui de Minas e tudo o que você escreveu poderia ter sido ela escrevendo :D
Postar um comentário