Quando eu olho pra você agora, Will, eu vejo um homem quebrado. Parece que você já levou tanta porrada da vida que finalmente está começando a se dobrar. Eu vejo um homem duro e amargo e, não me leve a mal, mas a amargura até que lhe cai bem. Acho até que talvez ela sempre estivesse aí, disfarçada de algum tipo de conformismo. É complicado, e eu não falo por mal, mas eu vejo você com os cabelos ficando grisalhos e essa relutância em sorrir de novo e só consigo pensar em como isso é, de certa forma, coerente. Era pra acontecer. Acho que você é uma daquelas pessoas que pensa que não nasceu pra viver mais de trinta anos, e de repente se surpreende quando vê que viveu, sim. Entenda, não é uma questão de envelhecer; nunca foi. É uma questão de tempo, pura e simplesmente. Você pensou que não tinha tempo, e quando viu que tinha não soube o que fazer com ele. É por isso que eu fico triste, Will, quando vejo você quebrando assim. Eu me lembro de você jovem, bonito e impaciente, e dos seus olhos, que nunca mudaram; talvez estejam apenas um pouco mais pesados, porque a gente vê coisas demais nessa vida. Quando você pensa que não tem ninguém olhando, ou simplesmente se distrai, eu vejo um Will menos cansado, um sorrisinho inconsciente, e algumas lembranças que eu também tenho. Só que tudo em você parece dizer que o nosso tempo já passou, e eu quase posso ver você se repetindo isso e aos poucos ir acreditando. É triste, mas é uma daquelas tristezas que a gente sabe que têm que acontecer, porque é aquela que chega quando as coisas começam a chegar ao fim. E existem poucas coisas mais tristes e bonitas nessa vida do que entender que tudo sempre tem um fim.
2 comentários:
porque a gente vê coisas demais nessa vida.
Sinto saudades do Will. E olha que sempre fui aquela a dizer que o Orlando era o máximo. A amargura realmente cai bem nele, e mesmo não podendo ter certeza de que o estou vendo pelas suas palavras, eu me limito a dizer que quando o imagino dando um sorrinho de criança, alguma janela se abre, e eu consigo respirar melhor.
Estou sempre obrigação de dizer: obrigada por escrever (:, eu posso não ter me feito presente o tempo todo, mas estive lendo seus textos, todos os que eu encontro, e eles me levam para um lugar muito azul e que se move constantemente, solitário, mas que o tempo não encosta; retoca.
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