Straight into my heart
You fly straight into my heart
But here comes the fall...
Algumas vezes me perguntaram se eu sou romântica, e acho que eu não sei responder isso. Porque às vezes penso que sou, às vezes penso que não. Talvez eu seja no sentido de ficar imaginando coisas, possibilidades, de ficar sonhando e sorrindo feito boba. Mas não sou pessoa de abraços e carinhos, não sou pessoa de dizer eu te amo todo dia, não sou pessoa de sequer demonstrar que me importo. Não sei porque diabos eu saí desse jeito meio errado. Porque, sabe, as pessoas merecem saber que são amadas. Eu não sei fazer isso, nunca me ensinaram, não veio de fábrica. Não sei se vou "aprender" um dia. Tenho meus jeitos - sutis até demais, eu sei - de demonstrar sentimentos, e às vezes penso que se um dia eu aprender a demonstrá-los de outro jeito - o jeito "certo" - não serei mais eu. É estranho isso.
Mas, enfim, no capítulo oito de Verona existe uma passagem que é simplesmente tudo o que eu nunca consegui colocar em palavras. Talvez eu nunca tenha conseguido porque era algo que eu mesma só poderia entender melhor vendo de fora. E não tenho nada mais a acrescentar, porque aí tem tudo. Obrigada, Dana ♥
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(trecho do capítulo 8 de Verona, da Dana Norram)
"Admito que pensei em dizer as três palavras, porém, por mais que soubesse o quão verdadeiras elas seriam, eu simplesmente não pude pronunciá-las. Admito que sequer conseguia pensar nelas sem que soassem inapropriadas e ridículas aos meus ouvidos.
Eu quis dizer que tinha sido bom. Maravilhoso. Que fora a melhor noite da minha vida. Todas essas coisas bobas e românticas que parecem estúpidas e forçadas demais quando pronunciadas num momento como aquele. Eu quis dizer que te amava e que estava feliz em tê-lo, finalmente, ao meu lado. Que eu adoraria fazer de novo e de novo e de novo.
Mas não consegui.
E durante os meses que se seguiriam, eu fiquei pensando naquela oportunidade perdida. Não a primeira, claro, mas talvez a mais importante delas. Pensei em como a minha falta de palavras afetara a nossa relação. Refleti sobre cada situação que poderia ter sido evitada se eu tivesse sido apenas sincero no momento em que eu precisava ser. Se tivesse dito o que eu tanto quis dizer, mas que não encontrei formas de demonstrar, sem que para mim soasse tolo ou oportunista.
Eu pensei que você iria rir de mim, sabe? Que não acreditaria, no fundo, pura e simplesmente. Pensei que você acharia que eu só tinha dito aquilo pelo calor do momento e que, obviamente, não sentia tudo aquilo por você. E em meio a todos aqueles 'e se?' acabei optando pelo silêncio. Imaginei, na época, que haveria outras oportunidades para usar as três malditas palavras e que aquela oportunidade que surgisse, fosse qual fosse, seria sim a ocasião perfeita. Mas não naquela hora. Não quando deveria ter sido. Não quando você precisava ouvir, mais do que tudo.
Eu estava errado, era claro. Deveria ter falado quando passei todos aqueles incontáveis minutos contando as batidas do seu coração, sentindo elas diminuírem até se acalmarem por completo. Quando você se aconchegou, mais perto, reforçando o abraço em torno de mim e em seguida puxou um lençol sobre nós, resmungando como estava ficando frio. Aquele momento em que cada gesto seu dizia, claramente Quero que você fique aqui. Comigo. Quero que fiquemos juntos. Agora. Para sempre.
E eu até fiquei, sim. Até o fim. Mas não fiz nada mais. Eu me omiti outra vez. Nem mesmo horas e horas depois, na manhã seguinte, quando acordei ao seu lado. Quando você também acordou instantes depois, graças aos meus movimentos desajeitados, e então sorriu, me desejando bom dia. Eu tampouco falei daquela vez.
E em nenhuma das outras vezes."