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2013-02-07

9h49

Da porta da sala em que eu trabalho, que é de vidro, dá pra ver que o céu escureceu e que vai chover em alguns minutos. Percebi agora mesmo. São 9h49. Da janela dessa mesma sala, a quarenta e cinco graus da porta, um outro pedaço do céu também está nublado, mas não está escuro.

Ano passado, mais ou menos nessa mesma época, eu pensei em sair desse trabalho pra ter algum tempo de manhã pra fazer algo que realmente gostasse.

(9h52, a chuva começou)

Pensei em dar aula de inglês. Mas o contrato foi renovado e continuo aqui. Esse ano pensei a mesma coisa: em março eu saio e vou fazer alguma coisa de útil, nem que seja dormir a manhã toda. Só que aí eu percebo que não vou sair. E não é nem que eu goste ou desgoste; é só inércia mesmo. Eu não gosto do que eu faço, que vai desde criar o sistema do site até catalogar os produtos da empresa, mas tolero numa boa. Não desgosto, não acho horrível. Então apenas continuo. É quase a mesma coisa que a engenharia, só que nesse caso ela já está chegando naquele momento de tensão em que quase já não vale mais a pena desistir.

Um terço do curso, foi o que eu fiz até agora. Todo dia ele parece se alongar. 

(9h59, parou de chover, sol voltando)

Se fosse uma constante, significaria que, se fiz um terço em dois anos, em mais quatro termino tudo. Isso numa perspectiva otimista. E então penso que seis anos é tempo demais, mesmo quando você gosta da coisa (ainda bem que deixei medicina pra próxima vida). E então penso que é bobagem pensar que eu não acharia a mesma coisa em outro curso; o tédio existiria, as disciplinas intermináveis existiriam, coisas ruins existiriam anyway. Mas talvez fossem melhores.

(nada a dizer aqui, só queria fazer uma divisão)

Outro dia um cara da minha sala chegou pra mim e disse "tu não é muito amiga das pessoas da sala, né?", ao que eu obviamente respondi que não. A bem da verdade, eu só falo com uma pessoa da minha turma original. Não sou muito fã de interação social, principalmente forçada. Só porque tem um monte de gente num mesmo lugar não significa que todo mundo deva se falar. Não é nem que eu odeie todo mundo (curiosidade: acho que nunca odiei ninguém), ou desgoste de todo mundo; na verdade, tenho até uma simpatia silenciosa por várias pessoas ali, mas interagir é um negócio absurdamente desgastante na maior parte das vezes e, portanto, desnecessário. 

Acho que vou continuar isso depois.

10h15 e eu deveria estar trabalhando (ou algo parecido com isso).

3 comentários:

Bitcherry disse...

Ah, a faculdade. Eu deveria ter me formado há um ano, mas só agora cheguei no último semestre. E quantas vezes nesses 4 anos eu não pensei em desistir, largar tudo, estudar ciências sociais? Mas faculdade é isso, demora, demora muito, ao ponto que você vai cursando e passando nas matérias e para de pensar em coisas como término ou formatura, só continua indo, pensando que um dia você chega lá.

Seis anos é tempo demais, mas pelo menos não é o colegial, em que só o que você faz é estudar. Você vai vivendo sua vida, e em algum momento os seis anos se passaram e você é formada. Qualquer coisa que você for fazer vai demorar isso também, acho que não existe essa lenda de trabalhar e se formar no tempo certo do seu curso, todo mundo se enrola.

Enfim ♥

Larissa disse...

Me vi nesse post. E tô com planos assim de sair do trabalho. É tipo isso mesmo, não odeio, não detesto, até aprendi muito lá. Mas... tem tantas outras coisas! E renovei contrato. Quanto à minha turma, falo com uma pessoa. Hoje em dia ponho cadeiras de acordo com professores que não fazem chamada. Aí estudo bem muito em casa e vou fazer a prova. Ah, a faculdade :/
Parece que não acaba nunca, e ao mesmo tempo, parece que passa rápido. É confuso...

Mateus Freitas disse...

Inércia é o pior dos nossos males. E é o mais gostoso também.