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2010-10-12

Aceitação do passado, não trabalhamos

 
Hoje eu estava morrendo de tédio e resolvi fazer uma faxina nos meus papéis.

Bad, bad idea.

O lado bom disso é, obviamente, se livrar de sacos e mais sacos de papéis inúteis e deixar o quarto mais limpinho e feliz. Eu guardo muito papel, tanto por pena de jogar algumas coisas fora quanto porque às vezes simplesmente jogo por aí e esqueço que existem (q).

O lado ruim é que a gente tem que ler aquilo tudo. Queria poder jogar fora sem nem olhar duas vezes, mas né. Não rola. Achei bem uns sete (!) cadernos antigos, sem contar com as cartas e outras aleatoriedades.

As cartas.

Essas cartas são relativamente antigas. As mais novas ali devem ter uns dois anos, as mais velhas uns cinco. Engraçado é que antes eu gostava de ficar relendo, e hoje eu gostaria de nem ter encontrado os envelopes. Tirando dessa lista as cartas do Romell (que formam o maior "bolo" (L) ),as outras parecem que foram escritas para outra pessoa, e não pra mim. E olha que eu sempre gostei de cartas.

Foi então que notei que eu não me suporto.

Eu não suporto a pessoa que eu era há alguns anos. Eu não suporto a pessoa que eu era na semana passada!  Eu não suporto lembrar das coisas idiotas que fiz ou pensei, eu passo horas e horas remoendo tudo o que eu poderia ter feito/dito diferente e não fiz.

E, convenhamos, isso já é uma coisa bem idiota de se fazer.

Achei uns manuscritos do Will e achei tudo tremendamente mal feito, mas não tive coragem de jogar fora. Tem umas folhas em que o grafite já tá sumindo mesmo. Achei um monte de cartões de Natal que nunca enviei, e também uns bilhetinhos e desenhos que nunca entreguei a quem deveria.

Achei metade da minha vida escrita em cartas, diários e cadernos que não tive coragem de abrir.

Agora já está tudo guardado de novo, e eu só vou vê-los mais uma vez quando a situação estiver pedindo outra limpeza. Isso talvez me dê tempo pra deixar de ser idiota. É como se recriminar por não saber raiz quadrada aos três anos.

Vai entender.

2 comentários:

Carolina disse...

Acho que a gente tem a mesma quantidade de vida em cadernos velhos, querida (L)

Adoro você, viu? E que na próxima limpeza tu só olhe pra isso tudo e comece a rir. ♥♥♥

Júlia disse...

ah moons, amada, nem coragem de mexer nessas coisas eu tenho, fica tudo jogado numa caixa, acho que não suportaria muito bem ler todas as coisas antigas.