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2012-03-25

Epic fail

Estou querendo ver um filme, ler um livro, ou talvez até escrever um (embora esta última seja, erm, um pouquinho mais difícil que as outras duas opções). Estou querendo fazer qualquer coisa que desligue a minha cabeça por algumas horas da minha própria existência, da minha própria vida e dos meus próprios pensamentos. Quero ser um personagem, só por um pouquinho de tempo. Se não for possível, eu posso ir estudar Cálculo, que tá valendo também.

O que acontece é que tem esses dias - ou, melhor dizendo, enormes períodos de tempo, que eu esqueço quando começaram e não consigo antever um final - em que eu sinto que estou falhando em todas as áreas da vida, assim, simultaneamente. Não é uma sensação legal, porque na maioria dos casos eu poderia ter feito diferente, poderia ter feito dar certo ou simplesmente acontecer, e apenas não fiz. Tenho a impressão de que as épocas em que eu mais leio correspondem justamente a esses períodos - preciso de um escape. 

Mas acho que agora, neste exato momento, tá sendo mais negócio ir estudar Cálculo mesmo.

2012-03-22

Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte

“...te procuro em outros corpos, juro que um dia eu encontro.”

Ontem eu sonhei com aquele amigo nosso, você sabe. No meu sonho, ele era loucamente apaixonado por mim, e me contava isso. A gente se dava as mãos e corria, corria, fugindo sabe-se lá de que para ficar sozinhos. Eu sonho com muita gente, você sabe, já sonhei contigo também. Acho que já sonhei com todos os meus conhecidos; pra cada um deles, uma história de amor, e eu gosto de sonhar assim porque gosto de me apaixonar. Mas, sabe, esse negócio de amor tem me tirado o sono, no pun intended. É amor pra lá, é amor pra cá, é amor o tempo todo; será que não cansa? Tudo é sobre amor nessa vida. Eu ligo a televisão e tem história de amor, vou ler um livro e tem história de amor, vou ouvir uma música e é sobre amor... Veja você que não é que eu não goste de ouvir falar de amor; eu até que gosto, mas eu vejo e leio e ouço essas coisas e não sei de onde é que elas vêm. Mas eu queria saber. Queria amar desse jeito que eles falam que existe, desse jeito que ensinaram a gente. Porque quando eu sonho, eu amo assim. Olha que engraçado, eu li em algum lugar que, por mais que pareça ser mais, a gente nunca passa mais do que cinco minutos sonhando. Não sei se é verdade, mas vá, é bonito: todo sonho dura só cinco minutos, e nesses cinco minutos eu já vivi um monte de histórias de amor. E todas elas foram a primeira vez. Só que o problema é que eu acordo, e quando eu acordo o amor já não existe mais. Será que você consegue entender? Eu queria um amor assim, desses que você precisa ouvir a voz da pessoa todo dia, desses que você precisa saber se ela tá bem, desses que a sua vida se enrola na dela de um jeito que as duas viram uma só. Tô aceitando um amor simples, tô aceitando um amor épico – How can I live without my life? How can I live without my soul? Te juro que tô surpreso por essa citação não ter dado o ar da sua graça nos meus sonhos ainda -, tô aceitando amor. Tô aceitando alguém que me ensine. Às vezes eu acho que vocês, que aparecem nos meus sonhos, são sempre a mesma pessoa. Espera, eu te explico. É sempre uma pessoa diferente, mas é sempre o mesmo conceito. Eu me apaixono é pela ideia de me apaixonar, sabe como é? Meio bonito, mas meio triste. Eu sempre tenho dificuldade em decidir se alguma coisa é bonita ou triste, sempre quero ficar com os dois. Eu fico pensando... Será que um dia eu vou amar? Amar assim, desse jeito que eu falei. E aí um dia eu vou virar pra pessoa e dizer “porra, era isso mesmo, eu sonhei com esse amor”, e ela vai achar bonito, sem saber que eu tava só sendo literal mesmo. Mas às vezes eu não acho ruim, sabe. Eu tô aqui falando e falando e não sei nem te dizer quantas vezes eu falei a palavra “amor”, mas a verdade é que às vezes eu nem me preocupo tanto. Mas é que tem dias, assim, que nem esse, em que parece que it’s all about love. Daí eu penso, assim, comigo mesmo: vai fumar, vai trepar, vai aguar uma planta que isso passa. Se passar, tudo bem, no outro dia eu durmo e amo outra pessoa, e a vida continua. Se não passar, aí eu fico tagarelando assim contigo, me lamento pela não existência do amor na minha vida, no outro dia eu durmo e amo outra pessoa. Então é isso, acho que eu vou ali dormir, que isso passa. Mas fica aí o meu pedido, ficam aí os meus versos do dia seguinte que de versos não têm nada. Acho que nem tô pedindo muito; tanta gente pedindo coisa escrota por aí. Um dia, quem sabe, talvez, eu venha a amar, e aí eu te conto como foi. 

2012-03-07

Dance like no one’s watching

…because they’re probably not


Eu não tenho nenhuma vontade específica de morar fora do país, nada do tipo que me faça desejar ardentemente, planejar e realizar. Mas, se tivesse oportunidade e dependendo dos motivos, provavelmente iria. 

Tô dizendo isso porque, de vez em quando, me dá uma vontade enorme de ir pra algum lugar completamente diferente. Uso o exemplo de outro país porque é o mais longe que posso alcançar, mas se tivesse opções de planetas provavelmente eu estaria citando também. Um dia, talvez, se eu vier a cagar dinheiro, vou poder fazer isso.

O isso a que eu me refiro é, como eu disse, ir para algum lugar completamente diferente; mas não pra morar de vez, nem pela vontade de conhecer o lugar; é só pelo simples prazer do reset. De poder estar num lugar onde ninguém, absolutamente ninguém me conhece num raio de muitos e muitos quilômetros. Nenhum rosto conhecido na rua. Nenhum lugar onde eu já tenha estado. Nenhuma pessoa que não precise me perguntar o meu nome ao falar comigo. Um lugar onde eu ainda não tenha uma vida.

Eu estava pensando nisso outro dia; quando ninguém te conhece, de certa forma você também não se conhece. É uma fuga, é claro, não estamos falando de coisas nobres aqui. Então, a minha fuga só precisaria disso: passar algum tempo em algum lugar qualquer em que o único pré-requisito seja que lá ninguém me conheça. E então eu não precisaria ser ninguém, porque eu poderia ser qualquer um. 

Falando assim parece até que, sei lá, eu sou a Angelina Jolie (mas quê) e preciso de um tempo longe dos holofotes. Mas o sentido todo é só esse mesmo: os lugares onde a gente fica guardam tanta coisa, que você pensa que o passado todo está neles. Não está, é claro; recorrendo a um clichê básico, o meu passado está comigo e não vai ser só indo de um lugar pro outro que ele vai ser simplesmente apagado. Mas eu acho que, de qualquer forma, vale a tentativa, nem que seja pelo ar fresco. 

*

Esses dias eu tenho estado muito sozinha, no sentido "sem ninguém ao redor" mesmo. É uma coisa engraçada, porque eu gosto e desgosto de ficar assim. Pelo menos uma vez por semana sempre vem alguém na minha humilde salinha me dizer que, poxa, deve ser meio chato né, ficar trabalhando lá, sozinha, sem ninguém pra conversar. Que deve dar sono. Olha, sono dá mesmo, mas. Eu gosto de passar a manhã sozinha lá. Fazer minhas coisinhas, ler um pouco, esperar o tempo passar. Gosto de andar, se possível na sombra, e ir ouvindo minhas músicas no ônibus, que também sou filha da entidade de minha preferência. 

Enfim, de modo geral eu não me incomodo de estar sozinha em algum lugar. Esses dias todos em que adotei o Plano de Emergência de Fim de Semestre - que consiste em não faltar mais aulas, um esforço quase hercúleo, diga-se de passagem q - eu praticamente não abri a boca. Não é de todo ruim; até porque não é como se não existisse mais ninguém no mundo com quem eu fale, é só que nossos horários são uma bagunça. 

Então, nos momentos em que eu tô sozinha, simplesmente me deixo estar.