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2010-07-28

Magnolia feelings


I don't know where to put things, you know? I really do have love to give! I just don't know where to put it! 

2010-07-24

wibley wobley, timey wimey... stuff


(David Tennant, 39 anos, mais conhecido como o Tenth Doctor)



me joga na TARDIS e me chama vórtex espaço-temporal!!

fuck yeah.

2010-07-23

A thousand years time?

#20 — The one that broke your heart the hardest - part 2


Russell T Davies,
morra.
Com amor,
Moony.
.x.

Ok, brinks. Eu não quero que ele morra e nem estou fazendo outra carta.

Pra você que não sabe quem é este sujeito, RTD é simplesmente o cara que criou/produziu/escreveu roteiros (tem um verbo pra isso?) para três das minhas séries preferidas de todo o universo: Queer as Folk (a versão britânica original, de onde foi feita a versão americana/canadense que é mais conhecida. Se você não sabe o que tá perdendo, dá uma olhada nesse marcador do blog), Doctor Who (a nova versão, claro, porque DW já existia quando o Russell ainda usava fraldas. Literalmente) e... Torchwood.

Eu comecei a assistir Torchwood como quem não quer nada, sabe? Também foi meio pra me curar do final da segunda temporada de Doctor Who, que eu morri chorando. Eu achava que ia encontrar aquele Jack leve e trambiqueiro de DW e... me fodi.



(a promo clássica de Torchwood - Children of Earth)

Nem me arrependo, que fique claro! Torchwood é um amor, é o complemento perfeito para Doctor Who, mas quebrou meu coração em milhões de pedacinhos. Pra você que nem assiste (ou seja, você que não é a Dark, nem a Diana, nem a Mialle, hahaha), não se preocupe que não vou dar spoiler (NÉ, MIALLE?)
Sei lá, eu só queria dizer isso mesmo. Que foi doloroso e que eu chorei até meus olhos se liquefazerem (como bem disse a Dark), mas que eu gostei. Vai entender, né?




(Jack/Ianto, meu novo ship preferido do mundo)


Ianto, você mora no meu coração. Me arrependo de não ter ido com a tua cara na primeira temporada.


Owen e Tosh, chorei mais no fim da segunda temporada de TW do que no fim da quarta de DW (sim, isso diz muita coisa!)

Gwen... tá, eu gosto de ti. Mas só um pouquinho, hein.


Rhys, tu é um fofo.


Jack... eu queria que tu tivesse podido morrer. (L)

2010-07-20

I've got something in my throat

#20 — The one that broke your heart the hardest

Bom, tu não era especialmente bonita. E nem precisava ser, porque, né, a gente só tinha treze anos. Tu era mais baixa do que eu, e naquela época eu era relativamente alta. Veja só a ironia da vida: hoje em dia é meio difícil encontrar alguém mais baixo do que eu, então é bem provável que tu tenha ficado mais alta também e só eu tenha parado por ali. Sabe, se tiver alguém do nosso colégio me stalkeando - acho bem improvável, mas né - não vai ser difícil deduzir quem tu é. Mas enfim. 

A gente começou a se falar por causa de Harry Potter também. Era um dos primeiros dias de aula da boa e velha quinta série - que hoje chamam de sexto ano, vai entender! -, e a professora (ou professor? nem lembro) estava pedindo pra gente falar sobre o que gostava de fazer. Tu disse que gostava de ler livros, e citou Harry Potter. Naquela época eu já tinha começado a ler, e nós estávamos esperando o quinto livro sair. Eu falei contigo no fim da aula, no pátio, não lembro se naquele dia ou depois. A gente começou a conversar, sobre Harry Potter e sobre tantos outros assuntos que interessam as meninas de onze anos.

Ah, cara, era tudo tão legal! Tu era minha melhor amiga, naquela época em que as amizades tinham todos esses contornos específicos de intensidade. A gente conversava muito, a gente gostava de ler e, caramba, nós éramos as meninas mais inteligentes da classe! De verdade.

Tu usava um gloss bem brilhante, sabe, daqueles que parecem que deixam a boca meio grudenta? Era legal. Tu tinha um celular da Xuxa que eu achava um máximo. No meu aniversário, quando eu ganhei um celular, a primeira coisa que eu fiz foi te ligar pra contar a novidade. O meu não era da Xuxa, mas era legal também - e graças da Deus, né, porque esse celular durou uns quatro anos. Imagina eu ainda ter um celular da Xuxa aos quinze anos? Erm, não.

Apesar de ter sido tão legal, eu não gosto muito de lembrar desses tempos, sabe? Porque a única parte boa era que tu era minha amiga, mas o resto todo desmoronou. Todo mundo gostava de ti e por isso tuas outras amigas cool também falavam comigo, mas era porque tu gostava de mim. Elas me achavam chata e, bom, chata eu sou até hoje! Só que naquela época eu era chata porque estudava muito e era feia e mesmo assim tinha a audácia de me achar igual a elas. Ainda bem que eu não era, hein?

E então veio aquele ano. Esse definitivamente eu faço questão de apagar alguns meses - quase todos, na verdade - da minha memória. A gente tinha treze anos, e você não era especialmente bonita, mas era tão legal. Tu gostava de mim, sabe? Eu realmente gostava de ti, e acho que, não fossem uns e outros acasos, poderíamos ter sido ao menos colegas até hoje. Só que naquele ano tanta coisa mudou, e eu não sei exatamente porque foi, não sei quando começou, mas eu achava que gostava de ti de outro jeito. Eu digo que "achava" porque, bom, hoje em dia eu vejo que deve ter sido só alguma coisa de momento mesmo. Sabe como é, né? A gente se apaixona tão fácil, e com tanta intensidade às vezes, que até parece que é de verdade. 

Sabe por que, também? Porque até aquele eu sempre tinha tido apenas uma amiga de cada vez. Sério. Os outros eram coadjuvantes, mas àquela amiga em especial - que era tu - eu me apegava demais. Porque era a única, sabe? Então tudo era multiplicado por mil. 

Eu lembro que a gente deixou de se falar de um jeito tão abrupto que eu não entendi por um bom tempo. Tu simplesmente não queria mais falar comigo. E, por extensão, ninguém mais falaria, é claro. Vieram os boatos, diziam lá no teu grupinho que eu tava gostando de ti. Bom, eu tava mesmo, né? Mas a gente só tinha treze anos, cara. Eu estava descobrindo um mundo novo, e tu estava segurando fortemente as colunas do velho. Eu não te culpo por isso, na verdade. Eu sei que deve ter sido assustador pra ti que os outros pensassem que tu também estava entrando nessa. Mas eu esperava mais de ti, sabe? Muito mais. Eu esperava que tu me ouvisse. Que a gente conversasse sobre tudo, como sempre tinha sido até então. Até porque esse meu crush nem durou tanto tempo assim. Foi só o suficiente pra acabar tudo que existia antes.

A parte boa desse ano foi eu comecei a conversar com outras pessoas. Aquelas mesmas pessoas que, de dentro do seu grupinho, a gente via como chatas e invejosas. Aquela típica divisão das menininhas populares e das que não são, sabe? Eu comecei a me sentar do lado das que não eram. Eu comecei a conversar com a menina com quem eu tinha brigado desde o primeiro dia da alfabetização. Ficamos amigas, veja só. Em poucos dias, dá pra acreditar?

Eu não te culpo tanto por isso porque, de certa forma torta e irônica, foi por tua causa que tive os melhores amigos do mundo. Sim, no plural. Éramos, o que, uns sete? Meninos e meninas. Eles eram mesmo os melhores amigos do mundo, aquelas pessoas teoricamente fracassadas só porque não liam a Capricho, sabe?, e era uma amizade baseada na verdade. Era muito bom. Era melhor. Eu me senti finalmente sendo alguém de verdade, e não procurando uma brecha, uma migalha, por onde os outros poderiam gostar de mim por intermédio de outra pessoa. Isso é meio clichê, mas eu finalmente pude ser eu mesma.

No último dia de aula da oitava série, tu me deu uma carta. Não lembro se respondi, e não sei onde ela está agora. Acho que nela tu se desculpava e dizia que estava confusa quando aconteceu tudo aquilo. Tudo bem. Outro dia, há muito tempo, a gente "se encontrou" no orkut. Outro dia a gente se falou no msn. 

Eu não sinto falta daqueles dias, não queria que voltassem, mas também nunca te odiei nem nada do tipo. Mas só que, mesmo eu tendo encontrado todas aqueles amigos tão legais, eu também aprendi outras coisas com isso. Aprendi a ser mais dura, porque eu confiava demais nas pessoas. Aprendi a fingir que não me importo quando me ofendem, porque eu não iria mais chorar na frente de ninguém daquele colégio nem de qualquer outro. Aprendi a rebater, queria que tu visse como eu afiei minha língua nesses anos todos! Viu só o quanto que tu me ensinou?

Eu não queria que as coisas fossem diferentes, apesar de tudo. Espero que tu esteja bem. No ano passado eu vi teu nome na lista dos aprovados da UFC, só não me lembro qual foi o curso. Agora a gente vai levando a vida, né, e espero que não nos encontremos mais. Realmente, tem coisas que é melhor esquecer.

2010-07-17

Sem imaginação para título cool

(hoje eu ia interromper as cartas para postar um continho que fiz, mas escrevi e decidi isso às 3h da manhã e olhei pra ele hoje e achei uma grande merda. back to letters!)

#27 — The friendliest person you knew for only one day

Alô, Gabi.

Eu te dei aula de matemática há alguns meses (ou terá sido no ano passado?). Tu tinha/tem uns doze ou treze anos, no máximo, apesar de parecer ter onze, e estava na sexta ou sétima série, eu acho (me confundo com essas coisas. sério).

É curioso que essa seja carta pra ti, não? Deus sabe como eu sou impaciente pra ensinar coisas, ainda mais pra pessoas mais novas do que eu. Não tenho paciência mesmo. Mas eu tentava ser o mais legal possível contigo e com a tua prima (que ainda vai ter uma carta só pra ela, veja só!) porque, né, consideração e tal. Mas sabe de uma coisa, Gabi? Eu fico muito feliz de a tua prima não ter mais me chamado pra ensinar Matemática e Inglês pra ela, mas eu bem que queria te ensinar mais uma vez.

O engraçado é que eu nunca tenho assunto com vocês. E nem gostaria de ter se isso significa ter que ouvir Justin Bieber, né. Mas por algum motivo eu te achei uma graça, Gabi! Tu é toda bonitinha, com os teus adesivos no caderno, com a tua letra grande e até mesmo com o corretivo  que tu passou nas fórmulas erradas do teu trabalho. Não me pergunte por que, Gabi, mas eu te achei uma graça mesmo quando tu falou que teus pais não te deixam ler Lua Nova por causa da tua idade.

E, sabe, eu não te fiz um discurso sobre como Anne Rice seria mais saudável e sobre como Twilight te tomaria alguns neurônios. Na verdade, eu não acho que eu tenha te dito algo que tu vá considerar importante, a não ser, claro, como encontrar o maldito x da questão. Literalmente.

Eu acho que gostei de ti justamente porque tu parecia muito novinha. Eu tinha vontade de te pôr no colo e mostrar como fazia a lição, porque tu me defendia, Gabi! Tu, do alto dos teus doze anos, me parecia cem vezes mais madura do que a tua prima. Sim, ela mesma, que se levantou da mesa onde a gente tava estudando pra passar horas no telefone com a amiga, dizendo pra ela em alto e bom som que não se preocupasse com o trabalho porque "ah, minha vizinha nerd  tá aqui em casa". Ah, cara, ao contrário da doce Gabi, eu já posso te mandar ir tomar no cu.

Ops, vamos voltar à programação normal.

Então, Gabi, eu não falo contigo já faz tempo, mas não vou esquecer que tu arrancou umas boas risadas de dentro da armadura que eu visto pra ir tentar colocar alguma coisa na cabeça da tua prima. Eu nunca me dava ao trabalho de conversar com ela, sabe? Me dava dor de estômago. Mesmo que ela continuasse me chamando de nerd com todo aquela carga de nojinho que ela dá à palavra, mesmo que ela continuasse me achando apenas aquela vizinha útil que só gosta de coisa antiga, mesmo que ela faça aquela cara de "de que planeta tu veio?" quando eu digo que estava lendo, eu prefiro nem abrir a boca, se puder. Faço meu trabalho e vou embora, beijos.

Gabi, obrigada por ter conversado decentemente comigo, por ter me ouvido com atenção, por não ter me deixado impaciente e, por favor, cara, não seja como a tua prima e 99,9% das amigas dela. Deixa as coisas boas entrarem na tua cabeça, continua fofinha e doce como tu é, não deixa ninguém te estragar.

Um beijo, e presta atenção nas tuas notas! Qualquer coisa, chama.

2010-07-16

Havia vírgulas nos teus bolsos

#9 - Someone you wish you could meet



Saramago,

eu pensei em te fazer a carta 11, mas será a 9 mesmo. Até porque tu nem estava morto até pouco tempo atrás. Eu tinha feito uma crítica de um livro teu, tinha dito que tu era possivelmente o único escritor vivo que tinha o cacife pra escrever o que escrevia e então... morreste.

Quem vê esta carta até pensa que eu li todos os teus livros, não? Pois eu não li todos eles (mas ainda vou, não se preocupe). E mesmo assim, quando me acostumei com a leitura ininterrupta dos teus parágrafos, vi que haveria de ser um dos meus escritores favoritos. Há algum tempo eu escrevi cartas no português tão bonito que tu falava e escrevia, mas acho que perdi a prática. De qualquer forma, seria sempre uma imitação. Hoje eu te ofereço esse meus verbos tortos mesmo, e é claro que tu não vai se importar. 

Eu queria te agradecer, e não lamentar. Tu viveu tanto! Não até o limite - se é que existe um -, mas tu viveu mais do que muita gente sequer sonha em viver. Não falo apenas de tempo, mas de intensidade. Eu não te conheci e o que sei sobre a tua vida vem apenas de biografias. Convenhamos que não é uma fonte muito confiável. Mas eu posso imaginar que tu tinha umas mãos enrugadas, que parecem que nasceram enrugadas, de dedos longos e ossudos que entravam nos teus bolsos para tirar as vírgulas. As palavras tu ia colocando no papel com a outra mão.

Eu não te conheci, mas li as tuas palavras e de alguma forma pude te ver nelas. Vi a tua acidez, vi o quanto tu conhecia das pessoas, vi que tu podia falar de um jeito tão verdadeiro que até doía, vi que deve ter doído em ti o que disseram de ruim sobre as tuas obras algumas vezes, e muitas e muitas vezes - por tua causa e por causa de outros tantos autores - tive certeza de que, sim, é isso que eu quero fazer pra sempre. Escrever, não como tu, é claro, mas apenas escrever. Porque é assim que todos nós vamos nos encontrar no final, refletido em alguns quilos de papel - e digo papel porque é mais romântico, mas vá, temos os bytes também.

Então, é. Obrigada, Saramago. 

2010-07-14

Our days are over

#7 - Your Ex-boyfriend/girlfriend/love/crush

Aquele ano em que a gente se conheceu foi definitivamente um dos melhores da minha vida. Acho que te contei muitas vezes como foi e qual foi o dia em que reparei em ti pela primeira vez. Alguns meses depois, a gente começou a se falar e num passe de mágica - ou nem tanto - nós éramos grandes amigos. Eu, você e ele.

Eu te escrevi muitas cartas, mas não lembro mais o que falava nelas. Lembro que uma vez você disse que eu escrevia bem e que tinha poucos erros. Eu gostei do elogio. Guardei todas as tuas cartas - assim como guardei as dela - e talvez deva te dizer que me livrei delas depois - assim como me livrei das dela. Não me leve a mal por isso. Não lembro mais qual foi o dia em que eu resolvi destruí-las, mas sei que reli cada uma. Sei que você falava sobre as coisas comuns dos nossos dias, de vestibular e amor, e sei que nenhuma daquelas coisas era pra mim naquele momento. O nosso momento já tinha passado, já tinha passado há meses quando conheci aquele cara e quando você conheceu aquela garota. E a gente ainda conseguiu se estender por um tempo, mas vamos lá, já tinha acabado.

Não estou te culpando, até porque você poderia fazer o mesmo comigo. Eu lembro das coisas boas também. Dos beijos na biblioteca, principalmente. Acho que você não usava batom com muita frequência ou, se usava, era algum muito clarinho. E naquela época eu também não usava. Não lembro do seu gosto, mas sei que era tudo muito suave. 

Hoje em dia eu já não te reconheço mais. Você não é aquela garota por quem eu me apaixonei. Durou muito tempo, na verdade, quase um ano. Mas a minha vida estava mudando tanto, e a sua deveria ter mudado também em outra escala, mas quando eu penso em você eu não consigo ver essa mudança. Talvez seja por isso que eu não te reconheça mais: porque você parece que parou no tempo. Você não continuou, não se adaptou. Desculpa te dizer isso, mas é o que eu vejo. Talvez eu esteja errada, mas a gente nem conversa mais pra poder discutir isso.

Um dia, talvez há mais de um ano, eu te encontrei na parada e nós pegamos o mesmo ônibus. Eu realmente tinha que descer um pouco antes pra resolver umas coisas, mas não posso negar que fiquei feliz de descer logo. Do que mais a gente poderia falar? Da escola, dos amigos com quem você não falava mais, dos mal entendidos? Desculpa, mas eu não queria mais. Você ficou num pedaço da minha vida eu nunca mais vou ter de novo, e que eu quero deixar assim, intocada. Não vamos estragar as coisas, sim?

2010-07-13

Talvez fosse apenas louco



#19 - Someone that pesters your mind - good or bad


Will,

Pulei para esse dia logo porque você já está na minha cabeça de novo. Aliás, eu deveria dizer porque você continua, porque na verdade, nunca saiu. Só muda de intensidade.

É meio bizarro escrever para um personagem, ainda mais por você ser meu, mas não é exatamente porque você não existe. Já faz um tempo que eu penso mais de duas vezes antes de dizer que algo não existe, porque esse negócio de existir tem tantas nuances que eu não posso acreditar que conheça todas. O bizarro, na verdade, é que você só vai ler se eu te fizer ler. Ou não, porque se eu estou escrevendo, então estou lendo, e de certa forma você nada mais é do que mais um pedaço de mim.

Ok, vamos pular a metalinguagem.

Eu te vi nascer e crescer. Ou, sejamos sinceros, eu fiz com que você tivesse uma vida. Olhei para você e disse: você vai ter uma infância, e então a criei. Que coisa mais megalomaníaca, não? Essa coisa de dar uma vida a alguém. Uma não, muitas. Várias versões, várias mudanças. Você disse tudo o que eu pus na sua boca, na maior parte do tempo. Na outra parte, você foi tomando os seus caminhos e eu não te neguei isso.

Você é o meu amigo mais íntimo, Will. Você não me conhece, mas veio de mim, e isso basta. Você está aqui o tempo todo, independente de histórias e fatos.

Eu te fiz sofrer tantas vezes, porque queria dizer algo com isso. Eu te fiz sofrer tantas vezes porque eu também estava sofrendo, e você sempre foi o meu escape. Assim como tantas outras vezes eu ri fazendo você rir, e chorei quando imaginei se você deveria morrer. Eu chorei muitas vezes com você, e esse é o nosso segredinho, porque é cheio de spoilers.

Penso em você quase o tempo todo. Sabe de uma coisa, Will? Ontem eu me senti meio culpada por estar escrevendo uma fic de madrugada, e não você. Por estar pensando no Sirius e não em você. Desculpa aí, mas eu precisava terminar aquela cena. Bom, se eu não tivesse contando, você nem saberia disso, mas agora que eu disse você deve ter se sentado naquele sofá branco da casa do Orlando - por quanto tempo ele vai ficar branco desse jeito, hein? -, cruzado os braços e me olhado com aqueles seus olhos que eu imaginei tantas vezes para chegar ao tom certo. Você deve ter mordido o lábio inferior, olhado para o lado por um instante e sorrido meio de lado, como você sempre faz. Então é assim que você me trata?, você deve ter dito. Ah, Will, você se ofende tão fácil!

Eu poderia ter te dedicado a carta dezoito também, não é? The person that you wish you could be. Você é tão forte, Will, mesmo com todas as coisas que eu te faço passar. Você está sempre lá, você não desiste, e olha que você poderia ter desistido muitas vezes. Você não se desfez com o tempo, mas ficou mais elaborado. 

Uns vinte anos depois daquela sua ceninha no sofá - me sinto o Doctor agora, posso manipular o tempo! - você ainda vai dar aquele seu mesmo sorriso, um pouco prejudicado pelo tempo e pelas circunstâncias, é verdade, mas você ainda vai ter os mesmos olhos. Ah, Will, como eu fico feliz que você exista pra mim. Em mim.

2010-07-12

Dream a little dream of me

#5 - Your dreams

Nesses tempos em que eu tenho tido tantos pesadelos, é até curioso escrever para sonhos. E vocês são tão grandes que nem cabem em mim; tenho que sonhar aos bocadinhos. Às vezes vocês são uma biblioteca com um piso de madeira escura e lustrosa e cheiro de papel, e às vezes vocês são um monte de números e palavras que podem mudar a vida de alguém. Ultimamente vocês, no entanto, têm sido um só: ter tempo.

Às vezes eu tenho a impressão de que não existe o dia seguinte; esse é o pesadelo.

O sonho é que ainda existam muitos amanhãs, para que eu possa fazer tudo o que preciso. Para que eu possa viver, basicamente. 

(fragmento de uma anotação do mês passado: (...)já está todo mundo dormindo. não gosto de ficar sozinha assim, eu tenho medo do silêncio e do escuro. (...) às vezes demora tanto pra amanhecer, não é?)

Você é uma pessoa sem medo e com tempo o suficiente. O suficiente pra que é que eu não sei exatamente. Bom, eu sei em partes. Sei que você também é um punhado de livros escritos, uma família um pouco mais estruturada que a atual, a capacidade de fazer com que as pessoas se sintam melhor. Talvez você seja, pura e simplesmente, a possibilidade de ainda ser muitas coisas.

2010-07-11

Alô, seisvê

(fuuuuu, saí da ordem q)

#8 - Your favorite internet friend

Todo dia, quando eu ligo o computador e abro o Google Chrome, o 6v é uma das três primeiras abas que eu abro. Quando eu entro no msn, é a primeira janela que pula na minha frente. Já faz quase um ano que eu faço parte disso, e essa carta não é para uma pessoa em particular. É para o 6v.

Isso começou com Harry Potter, na verdade. Tem um tópico no próprio 6v para você dizer quais foram os livros que mudaram sua vida. Não é difícil imaginar que muita gente disse Harry Potter, e acho que praticamente todo mundo deu o mesmo motivo: porque ele me fez conhecer pessoas maravilhosas. Eu comecei a ler essa série há uns oito anos, e comecei a descobrir o fandom na internet quando ainda não tinha a cara e a coragem de me meter nos fóruns. O que talvez seja uma pena, porque aqueles tempos de spoilers e expectativa pelo próximo livro não voltam mais. Eu andava por esse fandom meio anônima, lendo, teorizando, lendo, absorvendo, escrevendo para mim mesma, lendo. 

E então chegou o 6v. Quando a série acabou, quando algumas pessoas ainda achavam que não fazia mais sentido, mas então chegou o 6v.

Vocês são um pedaço do meu mundo. São as pessoas que escreviam as fics que eu lia já há tempos, autores que eu realmente tinha medo de conhecer, e hoje em dia são as pessoas com quem eu falo no msn quase todo dia. São as pessoas que estão chegando agora também, são as que vieram no meio do caminho como eu. Com quem mais eu poderia falar de Harry Potter todo dia? Aliás, com quem mais eu poderia ter tantos quotes impagáveis e tantas divagações sobre tantos outros assuntos, sejam eles sérios ou não?

Eu provavelmente nunca vou conhecer nem metade de vocês pessoalmente, mas nem por isso eu deixaria de considerá-los como amigos. Entre as tantas coisas que já lemos uns dos outros, seria um absurdo dizer que não temos um mínimo de intimidade, não é? 

Obrigada por fazer meus dias mais felizes, seisvê, com todos os seus (eu ia colocar o nome de um monte de gente aqui, mas não tem nem perigo de eu lembrar de todos, então deixa pra lá. mas deu pra entender o recado, não é?).

Beijos,

Moony, Moons, Muni, Muns, ou o que preferirem.

2010-07-09

Can I sleep in your arms tonight, sister?

#4 - Your sibling (or closest relative)


All my brothers they're up on Jersey landfill
And I ain't never going back to that town
Can I sleep in your amrs tonight, sister?
Can I lay down with you here tonight?
'Cuz hearing your voice can remind me of better days
This is the voice that can carry me away
Let me sleep in your arms tonight

Eu disse uma vez que lembranças são como sonhos. Alguns dos meus têm cheiro de pipoca, e vejo neles um arco-íris nas primeiras horas da manhã. Às vezes cheiram a asfalto molhado, e tem olhos firmes, resolutos. Parece que fazem milhares de anos.

Vocês são muito mais velhos do que eu, e o engraçado é que sempre foi meio raro eu me lamentar por isso. Eu poderia querer ter tido irmãos com uma idade mais próxima da minha, mas talvez nunca tenha sido sociável o bastante nem pra isso. Eu ficava feliz com meus dois grandes patronos.

Cara, tu me fez ouvir Beatles desde tão cedo que nem me lembro de quando isso começou. Eu ficava triste quando tu deixava de ir ao cinema comigo para ir com a tua namorada - hoje esposa -, mas do que eu poderia reclamar? Até hoje ir ao cinema é sinônimo de irmão pra mim. E eu nunca mais comi pipoca no cinema. Que grande afronta aos nossos dias isso não seria? E as estrelas! Eu saberia o que sei sobre elas se tu não tivesse me ensinado? Talvez sim, mas prefiro acreditar que não. Se soubesse, eu mesmo assim não gostaria tanto delas quanto gosto.

E, hey, sister. Não podemos ficar no mesmo cômodo sem algumas fagulhas surgirem, não é? E mesmo assim foi pra ti que eu liguei no dia em que mais chorei na vida. Minha segunda mãe. Acho que atrapalhei um pouco a tua festa de quinze anos, chorando e esperneando, não foi? Mas eu era só um bebê, foi mal. Às vezes - muitas vezes - eu me irritei com essa tua grande "mania de justiça". Mas, vá. Quem tu seria se não fosse assim? Essa firmeza toda. Os perfumes. E só falei dos perfumes agora porque passou uma mulher aqui na rua usando o mesmo que tu usava há algum tempo.

Obrigada por terem me ensinado tanta coisa. E eu não sei mais o que dizer agora.

2010-07-08

Como nossos pais

#3 – Your parents 

Eu nunca escrevi uma carta para vocês antes, por uma série de motivos. Porque não sabia qual era o terreno seguro sobre o qual falar, porque iria parecer sentimental demais, porque iria parecer dura demais. Não sei. Os motivos vêm e vão. Na verdade, uma vez eu escrevi uma carta, inteirinha, mas foi na minha cabeça. O fluxo nunca desceu pros meus dedos e de lá para o papel. Já faz muito tempo.

Eu acho que lembranças antigas viram sonhos. Dependendo do conteúdo ou, mais especificamente, das pessoas envolvidas, a gente fica só com a parte boa e o que é ruim fica desbotado e frágil. A parte boa também é frágil, mas tem uma cor mais vibrante.

Não fui uma criança fácil, mas na verdade ninguém é. Eu era tímida demais, teimosa demais, mimada demais. Olha só, desde sempre eu estive nos extremos. Eu não os culpo pelas coisas que não consigo fazer. Geralmente. E não admito que outros culpem. Os pais são meus, se eu quiser reclamar, posso fazer isso sozinha.

Aliás, eu posso fazer muitas coisas sozinha, apesar de saber que isso não deve ser fácil para vocês. E não posso fazer outras tantas coisas sozinha, e aí não é fácil pra mim. Eu entendo como e por que querem me proteger. Entender não é sinônimo de gostar, mas eu entendo. É justo.

Eu falo demais. Não consigo parar. Estrago muito as coisas. E então eu falo, falo, falo até desejar que vocês me batam para que eu cale a boca. Você não o fazem, evidentemente, e eu fico mais culpada ainda.

Acho que já passei da idade de acreditar que a frase Você ainda vai entender é história da carochinha. Algumas coisas eu já entendi, outras ainda vai levar um tempo. Não lamento pelo que não pude fazer, nem pelo bom senso que eu ainda não tenho.

Olha só como isso está fragmentado. Não consigo organizar meus pensamentos. Não consigo seguir uma linha para falar com vocês, pra variar. Bom, talvez eu só precise agora dizer que não queria ter outros pais e que somos todos crianças, afinal, e ainda temos tanto pra aprender!

Eu amo vocês, e isso não é pouco. 

2010-07-07

Don't make a fuss and get crazy over you and me

#2 - Your crush

Eu poderia escrever para um namorado, para uma namorada, para um amigo colorido, para o estranho que eu vejo no ônibus todo dia, mas eu não queria fazer isso. Não queria limitar a uma pessoa só. Poderia falar de todos eles porque eu me apaixono todo dia, quase toda hora, pelos motivos mais aleatórios do universo. 

Queria que algumas pessoas entendessem isso. Queria que não se limitassem a ficar pensando em escalas de intensidade.

Você nunca se apaixonou por aquele estranho que você vê passar de vez quando? Ou pelo modo como alguma pessoa que você conhece fala ou ri. Você nunca se apaixonou pelo ato de, pura e simplesmente, se apaixonar? Eu tenho isso com mais freqüência do que talvez você imagine. Eu amo pessoas por um dia, por um mês, amo coisas que elas fazem, coisas que elas dizem, amo estar amando tudo isso. 

Me apaixono assim, subitamente, sem base ou explicação visível. Preciso disso, me alimento disso. Perdeu a graça? Vamos nos apaixonar de novo. É a mesma pessoa? Está sob um novo prisma. Não quero ficar pensando em distinções, ficar analisando o que é paixão, o que é amor, o que é nada, também não quero que fiquem analisando por mim, mas isso nem sempre eu posso evitar.

Sabe o que eu quero, minha cara pessoa por quem eu estou apaixonada hoje, neste momento? Quero que você não precise perceber isso, que não precise analisar nada disso. Quero que apenas fique aí, onde você está, fazendo o que você sempre fez. Sem precisar ficar pensando ou perguntando se é a única, ou se é a favorita. Vou te contar um segredo: você nunca é a única, e tudo isso dura tão pouco! Eu me distraio tão facilmente. Às vezes eu volto pra você, às vezes não. Mas eu me apaixono com uma intensidade tão grande, que espero que você possa sentir. Você e as outras pessoas.

Talvez esse seja o meu jeito de dar sem esperar receber. Amor, eu digo. Rápido e instantâneo, não precisa dar de volta. Só me deixe tê-lo pelo tempo que precisar.

2010-07-06

Nossa vida inteira e um punhado de planos

(eu vi essa listinha aqui no endless imaginary, que por sua vez viu no memorabilia database, e cá estou eu tentando colocá-la em prática também.)

#1 - Your best friend

(trecho)

Vamos falar dos assuntos que já conhecemos. Do primeiro ano. Dos carnavais. Vamos fechar os olhos por um minuto e ter quinze anos de novo. De volta àquela terra em que eu só tinha dois amigos, e eles me bastavam. Lá, onde a gente fazia planos. E promessas. E contava segredos e as mais espontâneas declarações de amor que eu jamais vou ter de novo. Onde nós éramos as únicas pessoas do mundo e os problemas pareciam pesar uma tonelada. A gente acreditava em tanta coisa, e hoje em dia eu sou tão incrédula. Aqueles devem ter sido os meses em que eu vivi mais intensamente. Nunca me senti assim de novo. E hoje estamos diferentes - bem diferentes! -, mas eu ainda sinto a mesma coisa quando a gente se vê. Aquela mesma vontade de não deixar o tempo passar, porque ele é rápido demais e a nossa vida inteira não cabe dentro dele. Porque toda vez eu quero viver uma vida inteira do teu lado. E talvez eu só tenha escrito tudo isso só pra dizer que tu é possivelmente a pessoa que eu mais amo. Desse tipo de amor que faz a gente querer viver, assim, sempre ao lado um do outro, e que não tem dúvidas nenhuma sobre a sua verdade. Nunca passei um minuto em dúvida quanto a isso.
Acho que acabei de passar mais uma vida inteira do teu lado agora. Não sei quantas vidas eu tive só por tua causa. Obrigada por elas. Muito, mesmo.

2010-07-05

Amigo, estou aqui (entre outras coisas)


Não lembro qual foi a última animação que eu vi no cinema. Terá sido Avatar? Lembro que vi A Noiva-Cadáver (metade das crianças saíram do cinema na metade do filme, chorando, aliás. ver caveiras cantando foi forte demais pra elas.), mas acho que teve algum outro depois. Ou alguns, sei lá. Enfim, deixa a minha memória pra lá. O fato é que ontem eu fui ver Toy Story 3. AH, LEMBREI! Foi Up. Porra, chorei oceanos em Up. 

Sim, Toy Story, voltando. 

Eu não lembro exatamente quando vi Toy Story (o primeiro, de 1995), mas certamente foi antes de 2000. E, uau, genial, computação gráfica e talz. Cool. Bom, eu não tava muito atenta para essas novas tecnologias revolucionárias na época, mas adoraaaava Toy Story. Woody ♥ (aliás, eu sempre AMEI a voz dublada do Woody). Acho que vi o segundo no cinema. E ontem lá estava eu, vendo o terceiro.

O primeiro fato a se notar quando eu vou ao cinema é que sempre acontece alguma coisa. Esqueço os óculos. Chego atrasada. Sessão lotou. Não tem Coca gelada. A fila dá cinco voltas no quarteirão. Quando eu fui ver Up, a primeira coisa que fiz foi derramar Coca na minha blusa. Eu sou genial. Obrigada. Ontem aconteceu um combo básico de esquecer os óculos + fila gigante + coca quente + setecentas milhões de crianças.

Vamos começar do começo. Sabe o que está passando no cinema atualmente, além de Toy Story? Exatamente. Eclipse. Se havia duzentas pessoas na fila, cento e cinquenta estavam lá para ver Eclipse. AINDA BEM que já passou um pouco da estréia e não tinha aquelas menininhas saltitantes com marquinha de mordida no pescoço. Respeito profundamente quem estava na fila pra ver Toy Story também. Enfim.

Passado o momento tenso de chegar até as salas, ainda tinha uma fila do tamanho do universo para entrar nas salas onde tava passando Eclipse, e outra fila do tamanho do universo pra comprar pipoca e refrigerante. A Americanas estava praticamente sem Ruffles e sem refrigerante gelado, acho que foi por isso que tanta gente foi comprar comida no cinema mesmo.  

Quando eu consegui chegar na sala de Toy Story, vi que havia uma proporção de cinco crianças para cada um adulto lá dentro. Crianças dos mais variados tipos e tamanhos. Tinha umas muito fofinhas, tinha um meninozinho que ficava chutando minha cadeira, tinha uma meninazinha que enfiava a cara do irmãozinho no espaço entre as cadeiras... Uns amores. 

Eu entrei na sala mais ou menos meia-hora antes de começar o filme, ainda bem. Porque lotou totalmente a uns cinco minutos de começar. Daí durante essa meia-hora eu fui testemunha de muito gritos, choros, pipoca jogada pelo ar, suspiro de pais arrependidos e coisas do tipo. Tudo muito amor. Até simpatizei com uma menininha sentada na fileira à minha frente, que sentava quietinha e conversava com a mãe direitinho.

Ah, e de todas crianças pequenas do universo que podiam ter sentado nas cadeiras na minha frente, nenhuma sentou. Quem sentou foi um cabeção. Mas tuuuuudo bem.

Isso tudo só pra chegar no filme em si.

Eu sou a pessoa mais chorona do universo assistindo filmes, então é claro que eu comecei a ficar com vontade de chorar nos primeiros cinco minutos. No fim do filme eu já estava chorando todos os oceanos da Terra e os oceanos perdidos de Marte, os pais das crianças também, e as crianças... bom, elas também estavam chorando.

Porque a pipoca caiu no chão.

Fiquei até terminarem os créditos, chorei mais alguns oceanos, e cabeças vão rolar se Toy Story 3 não ganhar uns Oscars no ano que vem. Saí do cinema até gostando dos pimpolhos.